Uma das “Profecias” Mais Certeiras da Série What If.. E sem Querer!

Um dos conceitos mais criativos da Marvel é a série What if, que mostra o que aconteceria diferentemente se a cronologia se desviasse em determinado momento. Ou melhor, esse era o conceito da proposta original – depois isso foi expandido para outros exercícios criativos, envolvendo os personagens atuando em situações inusitadas – e assim foi se consolidando, com duas longas séries nos anos 1970 e 1980-1990 e depois muitos especiais nos anos 2000 e 2010.

Esse tipo de história alternativa não era novidade em 1977, quando a Marvel lançou a primeira série regular de What If – afinal, a DC já tinha suas “histórias imaginárias” ocorrendo nas revistas há muito tempo… e esse conceito ainda sofreria outro conceito bastante criativo (o dos Elseworlds, com histórias situadas em outros momentos históricos), mas o que diferenciava era justamente a exploração profunda da cronologia e, muitas vezes, “explicando” por que era melhor os fatos terem ocorrido como aconteceram. Porém, havia outra coisa que ainda continua forte até hoje: o teor “profético” das histórias de What If, que podiam apontar coisas que aconteceriam no futuro (ou seja, se tornaram arquivo de ideias para roteiristas mais preguiçosos… hehe).

Assim sendo, hoje temos muitas coisas que aconteceram recentemente ou estão acontecendo que foram “previstas” lá atrás em histórias de What If. Mas, essa situação se tornaria mais “surreal” quando sugeriria pautas para outras mídias – é o que aconteceu com os dois primeiros filmes de Conan – e vamos explicar por quê aqui.

Antes de tudo, por que Conan foi retratado na série What If? Pode parecer estranho para quem não “conviveu” com Conan, Red Sonja e Kull enquanto suas histórias saíam pela Marvel (sim, Conan retornará em 2019, depois de quase 20 anos, mas só ele voltará, por ora). Nessa época, não havia dúvida de que esses personagens faziam parte da cronologia do Universo Marvel – e, de fato, faziam. A Era Hiboriana e a Atlântida de Kull eram parte do passado distante dessa cronologia e até vilões criados para suas histórias apareciam em outras séries da Marvel, como Shuma Gorath e Kulan Gath.

Embora fossem “cronologia”, porém, havia quase uma “barreira” nessas histórias, já que seu alcance era pequeno. Mas, mesmo nessa situação “sui generis”, não havia por que não incluir esses personagens no conceito de What If. Mesmo assim, só Conan teve essa “honra”, aparecendo algumas vezes (em uma delas, até se sugeriu que Conan fosse antepassado de… Thor!). E, na primeira vez, a história fez tanto sucesso que gerou OUTRO What If derivado – um What If desse What If! hehe

Conan era um grande sucesso da Marvel na época e os fãs pediam o aparecimento do bárbaro na revista What If, inundando a redação de cartas – assim, não tinha jeito a não ser responder ao “clamor popular”. Dessa forma, a primeira aparição de Conan na série What If foi em What If (1978 ) #13 (fevereiro/1979), produzida pela equipe criativa “oficial” de Conan:  Roy Thomas e John Buscema. Essa história se referia a um arco ocorrido na magazine Savage Sword of Conan (1974), nas edições #5-7 (abril-agosto/1975), em que Conan teve acesso ao poço místico do “Centro do Tempo”, no qual teve visões do futuro da humanidade (o nosso passado). Na história, Conan conseguiu escapar de cair no poço e continuou na Era Hiboriana – a história What If mostrava o que aconteceria se ele caísse no poço e fosse transportado para o futuro!

O “futuro” era, convenientemente, a Nova York de 1978 e o What If se chamava “O que aconteceria se Conan aparecesse hoje?” Seguiu-se o óbvio confronto entre realidades (12.000 anos a.C. contra 1978 d.C.), até que Conan se encontrou com seu “par romântico” (que era uma constante em suas histórias) – no caso, uma motorista de táxi (?!) chamada Danette (e eu fico na dúvida aqui – o roteirista Roy Thomas já namorava sua futura esposa na época? estou falando de Dann Thomas, conhecida na época como Danette Couto? Porque, sinceramente, Danette não é um nome tão comum assim). Bem, Danette levou Conan para seu apartamento (claaaaroo… é assim que se faz com um sujeito seminu com uma espada achado no meio da rua querendo destruir seu carro) e se apaixonou por ele (simples assim).

Thomas aproveitou outro “fato marcante” da época – o blecaute de Nova York de 1977, um dos mais famosos e extensos da história. Assim, um “novo” blecaute ocorre em Nova York, com Conan enfrentando as gangues de rua e os saqueadores que infestaram a noite novaiorquina, enquanto seguia para o Museu Guggenheim, onde um fenômeno místico o levaria de volta à sua época. E isso aconteceu de fato, pois Conan retornou à Era Hiboriana no fim dessa história.

Essa história foi outro grande sucesso, e os fãs agora queriam que se mostrasse o “What If do What If” – ou seja, o que aconteceria se Conan tivesse ficado preso em 1978? Peter Gillis (roteiro) e Bob Hall (arte) produziram essa história em What If (1978 ) #43 (fevereiro/1984), com o título de “O que aconteceria se Conan ficasse preso no século 20?”. A história também poderia ser continuada facilmente, já que mostrou Conan se tornando o chefe de uma gangue e, por isso, tendo de enfrentar Captain America, com tal confronto resultando em dúvida quanto às más decisões que tomou – no entanto, ele continuou preso no século 20.

Muito bem, e qual foi a “profecia” feita “sem querer” por essas histórias de What If? Essa “profecia” aconteceu na primeira história (What If (1978 ) #13), em que, logo que Conan chega ao presente, é confundido com… Arnold Schwarzenegger e Sylvester Stallone! Na época, qualquer brucutu musculoso seria “parecido” com esses dois, que dominaram os filmes de ação nos anos 1980, mas até então, Stallone tinha ganho o Oscar com o filme Rocky (1976) e Schwarzenegger era um dos fisiculturistas mais conhecidos do mundo – ganhou o título de Mister Olympia por 7 vezes (ganharia a oitava em 1980).

E, claro, mesmo que você tenha nascido anteontem, sabe que Schwarzenegger interpretou Conan nos dois filmes dos anos 1980 (em 1982 e 1984), o que, aliás, lhe abriu as portas de Hollywood… assim, Roy Thomas profetizou que Conan seria “interpretado” por Schwarzenegger! Ou será que foi ele que deu a deixa para a equipe de produção dos filmes? hehe

E, se tivéssemos uma nova continuação dessa história, após a sequência de Gillis/Hall… será que Conan se tornaria governador da Califórnia?? hehe Schwarzie chegou lá… hehe

Fontes:

Revistas referidas

[Listas] Séries da linha MC2 – 005

A linha MC2 foi mais uma pré-tentativa de “rebootar” o Universo Marvel. A propósito, seu mentor, Tom DeFalco, esteve envolvido nos primeiros esboços do que seria o universo Ultimate (que também não rebootou, mas foi a iniciativa de maior êxito nesse sentido). Porém, a linha MC2 seria uma mudança de perspectiva cronológica: apesar de ser anunciada como um “futuro alternativo”, a linha mostra um “presente alternativo” que é o “futuro” dos personagens Marvel caso a cronologia continuasse posicionada no passado. Complicado? A cronologia da Marvel vai sendo sempre “ajustada” de acordo com o nosso presente – assim os personagens não envelhecem muito, embora a cronologia continue valendo. O universo MC2 seria uma realidade em que esse “ajuste” cronológico parou de acontecer em certo momento e os personagens envelheceram, com seus filhos e outros tipos de legado assumindo destaque no que seria o nosso “presente”. Daí veio o nome: MC2 = Marvel Comics 2. DeFalco seria o grande comandante e roteirista desse novo universo, que passou a ser conhecido também como Realidade-982. E a origem seria em uma experiência na segunda série de What If, em 1998. DeFalco renovou os personagens, mas não o estilo da história, que continuaram “old school” (o estilo da Era de Bronze), o que atazanou um pouco os planos do editor-chefe Joe Quesada nos anos 2000, pois a linha MC2 se “recusava a morrer”. Apesar de nunca ter sido um sucesso estrondoso de vendas, a linha MC2 resistiu porque o público fiel pedia – e esse público eram os leitores mais antigos, além de uma parcela de leitores mais jovens (em idade). O final “oficial” da linha se deu em 2010, mas depois disso os personagens já reapareceram em várias outras séries e eventos.

017 – SPIDER-GIRL: THE END (one-shot – outubro/2010)

A saga de Spider-Girl havia terminado com a minissérie final de Spectacular Spider-Girl (2010)… ou não? Essa minissérie pretendia fechar todas as pontas soltas… mas deixou uma “semiaberta”, podemos dizer: o destino de April Parker, a híbrida de clone/simbionte de Mayday Parker. Tom DeFalco e Ron Frenz talvez tenham contado nesse one-shot a história mais diferente de todo o MC2, com o viés mais sombrio. É verdade que não é inovadora, sendo um enredo batido, mas a intensidade dos fatos é bem mais forte que o habitual no MC2 (mesmo considerando a minissérie final, que já foi intensa).

A história começa no futuro do MC2, em que uma senhora de idade, chamada “Tia May” conta a saga de Spider-Girl para crianças. Abre-se a possibilidade de que ela “contou” tudo o que foi lido em todas as histórias já publicadas. E ela agora vai contar a história final definitiva – o confronto final entre Mayday e April. Assim, temos flashes da busca que Mayday faz para encontrar April e desse confronto “final”. Ao mesmo tempo, descobrimos que a “Tia May” é, na verdade, April! Uma April arrependida, que revela que ela venceu esse confronto “final”, matando Mayday e depois se tornando uma superameaça ao MC2, tendo inclusive matado American Dream e levado à criação de um exército de “Carnages” por parte do governo para exterminá-la, no futuro onde ela se encontra, mesmo que ela tenha se arrependido.

O que aconteceu para que April se arrependesse? April sempre se achou uma heroína (como Venom), mesmo sem entender que seus atos e atitudes muitas vezes não eram coerentes com essa ideia. Em sua visão distorcida, ela matou Mayday para assumir o lugar dela na família Parker – o que foi percebido por MJ. Tudo isso levou a uma reação em cadeia que a colocou contra todo mundo, menos Torus, filho de Human Torch (Storm) e Lyja, que acreditou em seu arrependimento. É aí que April resolve alterar o passado para alterar seu presente. Com uma máquina do tempo de Doctor Doom, ela volta ao passado exatamente durante o confronto final entre Mayday e April e, incrivelmente, se materializa dentro de uma parede! Em meio a um sofrimento atroz, a April do futuro interfere no confronto, alterando o resultado, fazendo com que a April “do presente” aparentemente morresse no lugar de Mayday. E assim o MC2 foi “salvo”, embora os leitores tivessem agora uma folga de suas histórias… que voltariam algum tempo depois.

018 – EVENTO SPIDER-VERSE (janeiro/2015-abril/2015)

O evento Spider-Verse reuniu todos os heróis e personagens com motivos aracnídeos do multiverso da Marvel. Obviamente não poderia faltar a presença da Spider-Girl do MC2 (sim, estamos falando de Mayday Parker) e ela não só participa grande equipe de Spider-Men enfrentando a família de vampiros energéticos extradimensionais de Morlun, como também o MC2 se torna palco de algumas partes do evento, centrando-se na família Parker. O irmão mais novo e bebê de Mayday, Benjy, também acaba envolvido, e isso leva à morte de Peter Parker (de MC2) para tentar protegê-lo contra Daemos, o irmão de Morlun que chega ao MC2. Ao fim da tragédia, Mayday decide permanecer em seu universo, para ajudar MJ a cuidar de seu irmãozinho, apesar de convite para participar da equipe “transdimensional” dos Web-Warriors. Um Tio Ben de outra realidade (em que ele é o Spider-Man) também resolve ficar no MC2 com a família Parker.

019 – MC-2 UNIVERSE (em SPIDER-ISLAND (2015)) – (5 edições – setembro/2015-novembro/2015)

Durante as Secret Wars mais recentes (evento de julho/2015-fevereiro/2016), o Multiverso Marvel foi praticamente destruído e seus “escombros” foram salvos em um único planeta artificial criado por Doctor Doom e Molecule Man. Um desses universos sobreviventes foi o MC2, que teve uma pequena sequência de backups na série Spider-Island (2015) ligada ao evento. No entanto, apesar de o MC2 constar oficialmente como um dos sobreviventes, a história não fazia menção a Secret Wars ou Doctor Doom (como todas as outras do evento), o que leva a crer que não havia sido planejada inicialmente para fazer parte do evento. De qualquer forma, a história é uma continuação dos fatos do MC2 retratados no evento Spider-Verse e, portanto, é “oficial”. Na verdade, trata-se de uma história dos Avengers Next com destaque para Spider-Girl, com a produção da equipe criativa “oficial” do MC2: Tom DeFalco e Ron Frenz. O enredo gira em torno de Red Queen (Hope Pym, líder dos Revengers, inimigos dos Avengers Next) atacando mais uma vez a equipe, contando agora com Enthralla, uma vilã controladora de mentes e geradora de ilusões. Como não poderia deixar de ser, Mayday salva o dia, mas com a ajuda do Tio Ben/Spider-Man exilado no MC2. A história termina com um “fim… por enquanto”. Apesar do final sugestivo, não teríamos uma nova série de Spider-Girl ou do MC2, mas a participação de Mayday em outra equipe.

020 – WEB-WARRIORS (2016) (11 edições – janeiro/2016-novembro/2016)

A série Web-Warriors (2016) não é exatamente uma série do MC2, assim como o evento Spider-Verse, de 2015, mas passou vários momentos nesse universo. Trata-se da equipe de heróis de motivos aracnídeos de várias realidades do multiverso, reunidos para resolver problemas em outros universos. A equipe se formou após Spider-Verse e, na época, Mayday se recusou a participar, permanecendo como “membro-reserva”. Agora, com o multiverso Marvel “reconstruído” (após as últimas Secret Wars), ela resolve participar mais ativamente do grupo – embora não tenha o destaque de ser líder. Apesar de bem escrita e de ser derivada de um evento bem-sucedido (além de ter uma série animada correlata passando na TV), a série não emplacou nos quadrinhos, sendo cancelada na edição #11. Porém, oficialmente, a equipe continua existindo e pode voltar a qualquer momento.

Fontes:

Revistas referidas

[Listas] Séries da linha MC2 – 004

A linha MC2 foi mais uma pré-tentativa de “rebootar” o Universo Marvel. A propósito, seu mentor, Tom DeFalco, esteve envolvido nos primeiros esboços do que seria o universo Ultimate (que também não rebootou, mas foi a iniciativa de maior êxito nesse sentido). Porém, a linha MC2 seria uma mudança de perspectiva cronológica: apesar de ser anunciada como um “futuro alternativo”, a linha mostra um “presente alternativo” que é o “futuro” dos personagens Marvel caso a cronologia continuasse posicionada no passado. Complicado? A cronologia da Marvel vai sendo sempre “ajustada” de acordo com o nosso presente – assim os personagens não envelhecem muito, embora a cronologia continue valendo. O universo MC2 seria uma realidade em que esse “ajuste” cronológico parou de acontecer em certo momento e os personagens envelheceram, com seus filhos e outros tipos de legado assumindo destaque no que seria o nosso “presente”. Daí veio o nome: MC2 = Marvel Comics 2. DeFalco seria o grande comandante e roteirista desse novo universo, que passou a ser conhecido também como Realidade-982. E a origem seria em uma experiência na segunda série de What If, em 1998. DeFalco renovou os personagens, mas não o estilo da história, que continuaram “old school” (o estilo da Era de Bronze), o que atazanou um pouco os planos do editor-chefe Joe Quesada nos anos 2000, pois a linha MC2 se “recusava a morrer”. Apesar de nunca ter sido um sucesso estrondoso de vendas, a linha MC2 resistiu porque o público fiel pedia – e esse público eram os leitores mais antigos, além de uma parcela de leitores mais jovens (em idade). O final “oficial” da linha se deu em 2010, mas depois disso os personagens já reapareceram em várias outras séries e eventos.

013 – FANTASTIC FIVE (2007) (5 edições – setembro/2007-novembro/2007)

A minissérie anterior de Avengers Next (2006) teve um resultado dentro do esperado – não foi um sucesso absoluto, mas manteve o público cativo. Assim, a Marvel prosseguiu com sua política de fazer uma minissérie do MC2 (além das aventuras de Spider-Girl), também para manter a marca registrada em evidência. Porém, a resposta editorial não foi assim tão rápida – na época, a Marvel estava lançando várias franquias “aposentadas” em minisséries justamente para manter a evidência de suas marcas. Como o sucesso de Avengers Next não foi estrondoso, a próxima minissérie da linha MC2 teve de esperar mais de um semestre para ser lançada. A minissérie da vez foi Fantastic Five (2007), também em cinco edições, com a mesma equipe criativa de Avengers Next – Tom DeFalco e Ron Lim.

A história era uma continuação dos fatos anteriores, agora com Mister Fantastic e Invisible Woman de volta da Negative Zone. No entanto, nem tudo era felicidade: Doctor Doom voltou a ser o velho vilão dos velhos tempos. E assim tivemos um novo “combate definitivo” entre Mister Fantastic e Doctor Doom (coisa que DeFalco já havia feito na sua longa temporada em Fantastic Four (1961), quando até mesmo deixou Mister Fantastic “morto” por um bom tempo [ele estava exilado no passado distante, mas ninguém sabia…] como consequência desse “combate definitivo”). Revela-se que, até então no MC2, Doctor Doom estava aprisionado em Atlantis, sob custódia de Namor the Sub-Mariner. Doom se liberta e promete vingança contra tudo e todos: primeiro reativa seus Doombots, energizando-os com energia cósmica (a mesma de Silver Surfer), que passam a atacar seus rivais. Depois, captura Psi-Lord (Franklin Richards) e os filhos dos integrantes Fantastic Five e os exila em uma estação espacial, enquanto aprisionou o Fantastic Five usando o próprio corpo maleável de Mister Fantastic. Psi-Lord planeja escapar de sua prisão orbital e libertar seus amigos e, com isso, resolve expor seu corpo à radiação cósmica (a mesma que concedeu poderes a seus pais), pretendendo exponencializar seu nível de poder – isso acontece, mas a um duro preço: ele se torna um ser radioativo. Mesmo assim, consegue trazer todo mundo de volta, até presenciar a oferta final de Doom: um duelo mental com Mister Fantastic, utilizando o artefato Infinity Device – o perdedor terá sua mente aprisionada eternamente na Crossroads of Infinity, um vórtice pandimensional entre a realidade e a Negative Zone (isso já existia antes na cronologia de Fantastic Four). O desafio termina sem vencedores, pois suas mentes se digladiam por toda uma eternidade. Invisible Woman e Kristoff (o “herdeiro” de Doom) passam a se dedicar a libertar os dois desse desafio, enquanto o Fantastic Five prossegue com suas aventuras, agora com Grimm (o filho mais velho do Thing) se tornando membro efetivo da equipe.

014 – AMERICAN DREAM (2008 ) (5 edições – julho/2008-setembro/2008 )

American Dream é Shannon Carter, sobrinha de Sharon Carter. Ela apareceu no MC2 desde a primeira edição de A-Next (1998 ), quando era apenas uma guia fantasiada na visita turística à Avengers Mansion. Ela usava sua fantasia feminina de Captain America até que, algumas edições depois, se candidatou a membro de A-Next. Inicialmente contando apenas com rigoroso e extenso treinamento físico e acrobático, discos de disparo a partir dos braços e uma fixação intensa pelo legado de Captain America, Shannon se mostrou apta para a função, com o codinome American Dream. Posteriormente, ela até chegou a se tornar colíder dos A-Next/Avengers Next, junto com Stinger (Cassie Lang), com seu subgrupo próprio, o Dream Team. E, finalmente, após se encontrar com o Captain America original, este lhe deu seu escudo como legado.

American Dream se tornou um dos personagens de maior recall do MC2, depois de Spider-Girl, mas até então não havia tido uma série exclusiva. A oportunidade veio em 2008, meio que sendo a “última chance” para as minisséries do MC2, já que Fantastic Five não acrescentou muito. A aposta se dava justamente por essa empatia com os fãs. Na equipe criativa, Tom DeFalco e o desenhista Todd Nauck, estreando na linha MC2. A minissérie em 5 partes teve, obviamente, participação dos Avengers Next, mas os holofotes ficaram mesmo com American Dream, que enfrentou a aliança de três inimigos: Red Queen (Hope Pym, filha de Hank Pym e Wasp, que liderou os Revengers, inimigos dos Avengers Next), Ion Man (um ex-aliado dos Avengers Next) e o novo vilão Silikong (um humano que se tornou cristalino após mudar sua matriz bioquímica de carbono para silício, e quer transmitir a mudança para a humanidade). Também vimos nessa minissérie a estreia de Maria Hill no Universo MC2 (uma aproximação maior com o presente da realidade principal, a 616). Apesar de divertida, a série foi bem leve e previsível, claramente voltada para o público all-ages – o que não emplacou. A primeira edição até animou, pois teve tiragem esgotada (mostrando como a personagem era bem quista pelos fãs do MC2), mas a característica da história fez o interesse despencar.  American Dream ainda voltaria a aparecer outras vezes, inclusive na minissérie Captain America Corps (2011), mas não voltaria a ter histórias solo. E também se encerrariam as minisséries do MC2, sobrando apenas a série de Spider-Girl, por mais um período – mas que se tornaria inicialmente digital!

015 – SPECTACULAR SPIDER-GIRL (2009) (11 edições digitais – abril/2009-fevereiro/2010 [publicadas em papel em Spider-Man Family (2008 ) #5-8 (maio/2009-outubro/2009) e Web of Spider-Man (2009) #1-7 (dezembro/2009-junho/2010)])

Spectacular Spider-Girl foi uma tentativa de agradar a gregos e troianos – tanto aos fãs quanto à editora. A revista Amazing Spider-Girl (2006) fora cancelada na edição #30 (maio/2009) e a Marvel já conhecia o barulho dos fãs inveterados da personagem, que já impediram o cancelamento das séries da personagem outras vezes, potencializados pela internet. Mas agora havia uma saída: Marvel e DC começaram mais ou menos nessa época a desenvolverem seus projetos digitais – geralmente com histórias exclusivas para a plataforma digital, que eram posteriormente publicadas em papel no mês seguinte. A prática persiste até hoje, embora o formato tenha mudado bastante – no início, eram histórias no mesmo formato do impresso, porém digitalizadas. Essa opção barateava o custo da produção e ainda pretendia aumentar a fidelização de leitores à plataforma digital, contando com os fãs de Spider-Girl. Poderia ser o ovo de colombo, com benefícios para ambas as partes!

A equipe criativa de Amazing Spider-Girl se repetiria agora (Tom DeFalco e Ron Frenz), e a história continuava exatamente de onde havia parado em Amazing Spider-Girl, com a diferença agora de que Mayday Parker tinha de aturar e apagar os incêndios de sua clone, que adotou o nome de April Parker (sua “prima”) e passou a mostrar sua verdadeira natureza – ela era um híbrido de clone e simbionte (sim, Spider-Man e Venom em uma coisa só – logo, imagine a instabilidade psicológica). Sim, April Parker estava longe de ser uma correspondente de Ben Reilly para Mayday. Porém, mesmo com essa nova dinâmica (tanto no enredo quanto no formato), a série não emplacou. No entanto, outro processo foi identificado: os fãs não estavam mais fazendo barulho exagerado. Foi a deixa para encerrar o ciclo de MC2, com uma minissérie final.

012 – SPECTACULAR SPIDER-GIRL (2010) (4 edições – maio/2010-agosto/2010)

A Marvel decidiu finalizar todas as pontas soltas do MC2 e, em especial, de Spider-Girl na minissérie Spectacular Spider-Girl (2010), agora de volta na versão impressa. Nas 4 edições, apresentam-se combates intensos e ferrenhos (e nada all-ages) com April, Punisher e Hobgoblin. Também temos os destinos finais de Buzz e mais a participação de American Dream e os Avengers Next. É interessante como a aposta da Marvel se confirmou e os fãs pareciam estar conformados com a situação, curtindo essa última história apoteótica com resignação, mas sem perder o interesse. Porém, se o interesse era fechar todas pontas soltas, ainda faltava uma – April permaneceu livre… e isso ainda renderia uma última história, lançada no one-shot Spider-Girl – The End.

Fontes:

Revistas referidas

[Listas] Séries da linha MC2 – 003

A linha MC2 foi mais uma pré-tentativa de “rebootar” o Universo Marvel. A propósito, seu mentor, Tom DeFalco, esteve envolvido nos primeiros esboços do que seria o universo Ultimate (que também não rebootou, mas foi a iniciativa de maior êxito nesse sentido). Porém, a linha MC2 seria uma mudança de perspectiva cronológica: apesar de ser anunciada como um “futuro alternativo”, a linha mostra um “presente alternativo” que é o “futuro” dos personagens Marvel caso a cronologia continuasse posicionada no passado. Complicado? A cronologia da Marvel vai sendo sempre “ajustada” de acordo com o nosso presente – assim os personagens não envelhecem muito, embora a cronologia continue valendo. O universo MC2 seria uma realidade em que esse “ajuste” cronológico parou de acontecer em certo momento e os personagens envelheceram, com seus filhos e outros tipos de legado assumindo destaque no que seria o nosso “presente”. Daí veio o nome: MC2 = Marvel Comics 2. DeFalco seria o grande comandante e roteirista desse novo universo, que passou a ser conhecido também como Realidade-982. E a origem seria em uma experiência na segunda série de What If, em 1998. DeFalco renovou os personagens, mas não o estilo da história, que continuaram “old school” (o estilo da Era de Bronze), o que atazanou um pouco os planos do editor-chefe Joe Quesada nos anos 2000, pois a linha MC2 se “recusava a morrer”. Apesar de nunca ter sido um sucesso estrondoso de vendas, a linha MC2 resistiu porque o público fiel pedia – e esse público eram os leitores mais antigos, além de uma parcela de leitores mais jovens (em idade). O final “oficial” da linha se deu em 2010, mas depois disso os personagens já reapareceram em várias outras séries e eventos.

009 – LAST HERO STANDING (2005) (5 edições – agosto-setembro/2005)

O ano de 2000 foi o momento em que a Marvel concluiu que a linha MC2 tinha expirado sua validade. As minisséries de Buzz (2000) e Darkdevil (2000) não asseguraram que os personagens ganhassem séries regulares e nem mesmo expandiram o público cativo da linha, composto basicamente pelos fãs de Spider-Girl. Aliás, estes continuavam firmes e fortes – por mais que a Marvel anunciasse o cancelamento da série, os fãs faziam campanha na internet e abaixo-assinados e salvavam a série. Havia também outro elemento nesse cenário – os fãs da linha MC2 eram o público remanescente do “old school”, o método de narrativa e storytelling da Era de Bronze (anos 1970-1980). Outro título que representava essa resistência era Thunderbolts (1997), que incomodava o editor-chefe Joe Quesada há um bom tempo. Quesada queria resgatar a Marvel, que tinha pedido concordata, e para isso iniciou um processo de “DCização” da editora, junto com o publisher Bill Jemas – e esse processo envolvia sepultar o “old school”. E deu certo, por um período de alguns anos, até que as pressões fizeram com que a Marvel resgatasse elementos de sua tradição editorial (entre eles, um “old school” “atualizado”). A linha Ultimate, que foi lançada oficialmente em novembro/2000, era um dos carros-chefes dessa nova visão editorial de Joe Quesada, e assumia a posição da série MC2 no quesito de “zerar cronologia para tentar arrecadar novos leitores”. Tudo sinalizava que a linha MC2 cairia no esquecimento ao perder espaço frente à linha Ultimate… não combinaram com os fãs de Spider-Girl!

A série regular de Spider-Girl continuava sobrevivendo, mas não havia condições para tentar reexpandir o universo MC2 novamente, como nos primeiros anos. Agora, a série de Spider-Girl concentrava os personagens do MC2, que se acotovelavam em participações especiais nas histórias de Mayday Parker. Ninguém imaginava que se saísse dessa situação até a morte oficial da linha. Mas, na fase de resgate dos valores tradicionais da editora, Quesada resolveu fazer um experimento com o universo MC2: relançar a série de Spider-Girl no formato digest (“formatinho”), como uma proposta para o público all-ages (incluindo crianças) – e deu certo! A iniciativa superou as expectativas e fez Quesada pensar em mais um experimento para a linha MC2 (que seria republicado logo em seguida no formato “digest”): um “evento” contido em uma minissérie semanal… quem sabe agora dava certo? Se não desse, pelo menos serviria para apresentar os outros personagens do universo ao novo público all-ages. Assim surgiu a minissérie Last Hero Standing (2005), produzida por Tom DeFalco e Pat Olliffe (que era o desenhista original da série de Spider-Girl, e agora voltava como corroteirista também).

O enredo do evento é simples: Loki tem um novo esquema para atazanar os heróis da Terra. Primeiro começa a sequestrar alguns deles, causando alvoroço entre os heróis sobre o que estaria acontecendo. E depois, estes vão retornando, só que convertidos para o lado maligno, a serviço do deus da trapaça nórdico. Loki não quer só perturbar, ele quer destruir finalmente o que criou inadvertidamente: os Avengers. E quer fazê-lo manipulando os heróis para se destruírem mutuamente. O evento foi interessante por mostrar os heróis “originais” e seus “legados” atuando lado a lado, até que a tramoia de Loki é desbaratada. Loki é exilado no Limbo (de Immortus), com Hulk de carcereiro… mas, antes disso, Loki matou Captain America. Thor tornou a alma de Cap “imortal” (como se já não fosse) e a transformou em uma estrela em forma de escudo no céu do universo MC2 – para “guiar” os heróis na sua “missão do bem”. Sim, é uma trama batida e simplória, mas era um produto voltado para o público all-ages. E nisso teve resultado misto.

010 – LAST PLANET STANDING (2006) (5 edições – julho-setembro/2006)

Last Hero Standing (2005) cumpriu a missão de apresentar os outros heróis do universo MC2 ao público all-ages que estava comprando as histórias no formato “digest”… e isso levou à republicação do material anterior da linha MC2 nesse novo formato. Porém, não viabilizou que novas séries fossem lançadas. A Marvel continuaria publicando apenas Spider-Girl, embora sempre ameaçando o cancelamento, com os fãs persistindo em suas campanhas de apoio (mas não elevando as vendas). A paciência da Marvel se esgotou e foi programado um novo evento da linha em 2006 – Last Planet Standing (2006) – que deveria ser a conclusão das aventuras desse universo – pois resultaria na destruição dessa realidade. Deveria… mas não foi.

A equipe criativa de Last Hero Standing (2005) retornou para esse evento: Tom DeFalco e Pat Olliffe. O plot, porém, seria um pouco mais elaborado. O grande vilão da história é Galactus, que é detectado por Mister Fantastic e Invisible Woman como estando “fora do controle”, enquanto exploravam o universo. Esse Galactus “descontrolado” destruiu e consumiu o Throneworld (planeta-capital) do império Shi’Ar… mas com uma novidade: ele não estava consumindo apenas planetas, mas também estrelas – e, assim, estava se dirigindo para a Terra, pensando não apenas no Sol, mas também na “estrela” de Captain America. Os heróis da Terra se unem para enfrentar Galactus, que ainda destrói e absorve Asgard! Descobre-se que Galactus está se sobrecarregando de energia para evoluir até seu próximo nível de existência, qualquer que fosse este. Os heróis recebem o auxílio de Silver Surfer para ajudá-los na tarefa, e este começa absorvendo a energia cósmica do então arauto de Galactus, Dominas. O objetivo de Silver Surfer era absorver a sobrecarga de energia cósmica de Galactus, mesmo que isso matasse os dois no processo. Finalmente, os dois seres se fundem em uma única entidade, cuja nova missão é ser um “guardião da vida”, criando vida em planetas mortos – um “Anti-Galactus”. E assim o planeta Terra foi salvo mais uma vez, junto com a estrela de Captain America. E a realidade MC2 não foi destruída. A série Spider-Girl (1998 ) também foi encerrada no mesmo mês (edição #100) – era o fim da linha MC2, como Joe Quesada desejava? Não mesmo.

011 – AMAZING SPIDER-GIRL (2006) (30 edições – dezembro/2006-maio/2009)

Como já foi falado antes, o plano da Marvel era encerrar a linha MC2 com Last Planet Standing (2006) – nesse evento, a realidade deveria ter sido destruída. A série Spider-Girl (1998 ) também foi concluída na edição #100, a derradeira, no mesmo mês do evento… que deveria ter acabado com a morte da heroína. Nada disso aconteceu. E não aconteceu porque os fãs inveterados de Spider-Girl começaram a pressionar fortemente mais uma vez. Isso fez com que o final das duas séries mudasse e fosse lançada uma nova série de Spider-Girl, agora chamada Amazing Spider-Girl, começando em dezembro/2006). A dupla criativa de Tom DeFalco e Ron Frenz continuou com as aventuras de Mayday Parker, agora com participação mais ativa de seu pai, Peter Parker. A cronologia de Spider-Girl já estava bastante avançada, e, com isso, não havia mais a vantagem da “cronologia ‘fresquinha'” (o mesmo fenômeno aconteceu com a série Ultimate) – e isso fez com que a série se voltasse cada vez mais para os próprios fãs. Com isso, a partir da edição #20 (julho/2008 ), tivemos o início do arco “Brand New May” – sim, era um trocadilho com a “fase” de Spider-Man, no Universo Marvel principal (Brand New Day – em que Spider-Man recomeçava sua vida após o pacto com Mephisto, que eliminou seu casamento com MJ). Mas esse arco era mais que um trocadilho de palavras… era um próprio spoiler escancarado – sim, trata-se da “Saga do Clone” de Spider-Girl! Resgatando o grande enredo dos anos 1990, soubemos que Mayday pode ter sido trocada na maternidade… por um clone dela mesma. OU… esse clone (que também se chama May – daí o nome “Novíssima May”) achava que era a original. Descobrimos depois que a “nova” May é uma transmorfa, uma mistura de clone e simbionte. E, não bastasse só isso, também descobrimos que Norman Osborn programou sua mente clandestinamente na mente de Peter Parker – sim, uma trama semelhante a Superior Spider-Man, quase uma década antes. Essa verdadeira bagunça na cronologia de Spider-Girl podia afastar os fãs, certo? Errado. A Marvel cancelou a série na edição #30, mas logo em seguida lançou a continuação, com uma série na plataforma digital (para economizar na produção), chamada Spectacular Spider-Man. Depois de alguns meses online, as histórias eram publicadas no mix das antologias Spider-Man Family (2008 ) (edições #5-8 – maio-outubro/2009) e Web of Spider-Man (2009) (edições #1-7 – dezembro/2009-junho/2010). Nessa continuação, a “nova May” se tornaria outra (anti-)heroína, e se tornou April Parker. E esse ainda não seria o fim.

012 – AVENGERS NEXT (2006) (5 edições – novembro/2006-janeiro/2007)

O lançamento de Amazing Spider-Girl (2006) veio acompanhado de uma tentativa de revitalização das outras franquias da linha MC2. Era mais uma chance dada à ideia de transformar a linha em um bom produto all-ages (embora a Marvel já tivesse a linha Marvel Adventures funcionando). Porém, a razão mais técnica era outra: depois de Joe Quesada ter reerguido a editora e retomado as tradições do jeito Marvel de fazer histórias de super-heróis, a Marvel estava em campanha ativa de assegurar marcas registradas. Várias minisséries e one-shots foram lançados nesse período para manter as marcas registradas dos nomes de personagens, grupos e séries. Dessa forma, Avengers Next (embora fosse uma variação de A-Next) também cumpria a função de manter nome e personagens vivos.

A equipe criativa da minissérie foi Tom DeFalco e Ron Lim, e ela constitui uma continuação quase direta de Last Planet Standing (2006). Os Avengers estão questionando se ainda devem existir, até que são forçados a enfrentar um ardil montado por Ulik e um mago misterioso, que se revela ser Sylene, filha de Loki. O plano dos dois é usar a energia dos superpoderes dos heróis para recriar Asgard (que foi devorada por Galactus). O problema é que Asgard seria recriada usando a Terra como matriz. Temos a sequência usual de intriga e aventura, com os Avengers sendo convocados em peso mais uma vez para enfrentar a ameaça, dando destaque ao surgimento de Thena, filha de Thor, e ao aparecimento de Katie Power (Energizer) de Power Pack, agora adulta.

Fontes:

Revistas referidas

[Listas] Séries da linha MC2 – 002

A linha MC2 foi mais uma pré-tentativa de “rebootar” o Universo Marvel. A propósito, seu mentor, Tom DeFalco, esteve envolvido nos primeiros esboços do que seria o universo Ultimate (que também não rebootou, mas foi a iniciativa de maior êxito nesse sentido). Porém, a linha MC2 seria uma mudança de perspectiva cronológica: apesar de ser anunciada como um “futuro alternativo”, a linha mostra um “presente alternativo” que é o “futuro” dos personagens Marvel caso a cronologia continuasse posicionada no passado. Complicado? A cronologia da Marvel vai sendo sempre “ajustada” de acordo com o nosso presente – assim os personagens não envelhecem muito, embora a cronologia continue valendo. O universo MC2 seria uma realidade em que esse “ajuste” cronológico parou de acontecer em certo momento e os personagens envelheceram, com seus filhos e outros tipos de legado assumindo destaque no que seria o nosso “presente”. Daí veio o nome: MC2 = Marvel Comics 2. DeFalco seria o grande comandante e roteirista desse novo universo, que passou a ser conhecido também como Realidade-982. E a origem seria em uma experiência na segunda série de What If, em 1998. DeFalco renovou os personagens, mas não o estilo da história, que continuaram “old school” (o estilo da Era de Bronze), o que atazanou um pouco os planos do editor-chefe Joe Quesada nos anos 2000, pois a linha MC2 se “recusava a morrer”. Apesar de nunca ter sido um sucesso estrondoso de vendas, a linha MC2 resistiu porque o público fiel pedia – e esse público eram os leitores mais antigos, além de uma parcela de leitores mais jovens (em idade). O final “oficial” da linha se deu em 2010, mas depois disso os personagens já reapareceram em várias outras séries e eventos.

005 – FANTASTIC FIVE (1999) (5 edições – outubro/1999-fevereiro/2000)

Após o cancelamento das séries A-Next (1998 ) e J2 (1998 ), a linha MC2 recebeu sinal verde para lançar uma “segunda onda” de títulos: Fantastic Five e Wild Thing. Embora a linha não tivesse sido um sucesso retumbante, já tinha assegurado seu público fiel, que podia sustentar sua publicação, principalmente referindo-se a Spider-Girl. No entanto, esses títulos teriam curta duração – embora a ideia fosse mantê-los por 12 edições, como seus antecessores, eles acabaram sendo cancelados na quinta edição. No caso de Fantastic Five, os personagens já haviam aparecido lá na primeira história do MC2, em What If (1989) # 105 (fevereiro/1998 ), em uma “ponta” (apenas um quadrinho). No entanto, Tom DeFalco achou que a equipe era promissora e assim manteve sua parceria com Paul Ryan, que fora formada por anos na série Fantastic Four (1961).

De fato, DeFalco e Ryan permaneceram juntos por 5 anos (1991-1996) comandando os destinos do Fantastic Four no Universo Marvel “principal” (o 616) e conheciam bem o status quo do grupo – e isso foi a base a partir da qual desenvolveram o conceito da série Fantastic Five. DeFalco trabalhou extensamente a “família estendida” do Fantastic Four (embora não tenha sido o primeiro a fazer isso) e preparou a nova equipe inspirando-se nisso. O nome “Fantastic Five” não era assim tão novo – a primeira história de What If da Marvel já tinha usado esse nome em uma realidade em que Spider-Man se juntou ao quarteto de heróis (outro What If profético, pois isso aconteceria mais tarde no Universo 616…). Porém, desta vez, o Fantastic Five não tinha nada a ver com isso – era liderado por um Human Torch (Jonathan Storm) amadurecido e incluía sua ainda esposa skrull Lyja (agora conhecida como Miss Fantastic – então, no MC2, os dois não se separaram) Thing (com próteses cibernéticas no lugar do braço e da perna esquerdos), Psi-Lord (Franklin Richards adolescente e com poderes sob controle  – algo já explorado por DeFalco em Fantastic Four) e Big Brain (que se acreditava inicialmente ser um robozinho com a consciência de Reed Richards/Mister Fantastic).

Ficou evidente a história foi encurtada quando as vendas não responderam bem e a série foi cancelada mais cedo – assim, o grande mistério da série (o que teria acontecido com Mister Fantastic e Invisible Woman) foi revelado rapidamente. E, no final, ainda tivemos a apresentação da “nova geração” do Fantastic Five, com os filhos do Thing, o filho de Human Torch e Miss Fantastic e Kristoff (sim, o “herdeiro” de Doctor Doom, que DeFalco também usou bastante em Fantastic Four). E não, não tivemos nenhum sinal de Valeria Richards, pois, até o momento, sua gravidez ainda havia sido interrompida. O Fantastic Five teria uma nova minissérie nos anos 2000.

006 –  WILD THING (1999) (5 edições – outubro/1999-Fevereiro/2000)

Wild Thing (que não deve ser confundida com a personagem Wild Thing (Nikki Doyle) da Marvel UK e que também teve sua própria série regular) é a filha de Wolverine e Elektra…(?!) no MC2. A ideia parecia maluca na época, pois, até então, Wolverine e Elektra nunca haviam se encontrado (pelo menos até onde se sabia). Isso mudaria logo depois, durante o evento Onslaught, quando Elektra ajudou Wolverine a se recuperar de sua regressão selvagem sofrida após a remoção de seu adamantium por Magneto – talvez Tom DeFalco soubesse previamente que isso ia acontecer? Talvez. O fato é que a personagem apareceu no final da série J2 (1998 ), sendo criada, portanto, por DeFalco e Ron Lim. No entanto, sua série regular não foi escrita por DeFalco (Lim continuou na arte), mas por Larry Hama (que escreveu histórias solo de Wolverine por anos). Porém, havia outra coisa “estranha” em Wild Thing – suas garras eram… psíquicas!

Sim, Rina Logan (o nome da garota) não tinha garras de osso e nem de adamantium… elas eram psíquicas e, além disso, tinham a forma das adagas sai de Elektra – e de onde vieram? Na verdade, isso foi explicado durante a série – Rina tinha uma madrinha: nada mais, nada menos que Psylocke, que ensinou esse truque para ela. Ok, então ela possuía poderes psíquicos latentes, podemos dizer – que podem ter sido herdados de Elektra (que expressou esses poderes em Elektra: Assassin (1986), que até então não se sabia se fazia parte da cronologia ou não). Além disso, a “potência” dessas garras dependia de sua concentração – quanto mais concentrada ficava, mais as garras se pareciam com adamantium. De qualquer forma, a adolescente era uma arma viva, dominando as técnicas de luta tanto do pai quanto da mãe (que também apareceram na série). Bem, em resumo, as histórias aconteciam no velho contexto de sempre, do herói adolescente que tinha de combinar suas aventuras heroicas e o cotidiano no ensino médio – o mesmo contexto de J2, que, a propósito, continuou a ter histórias curtas de backup na série Wild Thing. Rina Logan seria um protótipo de X-23? Talvez, em um nível bastante básico de uma versão adolescente e feminina de Wolverine, mas não há nada de assassina impiedosa lá. No final das contas, a personagem não teve o desempenho esperado – e, como aconteceu com J2, passou a aparecer depois disso como coadjuvante em outras séries.

007 –  BUZZ (2000) (3 edições – julho/2000-setembro/2000)

A “segunda temporada” do MC2 não deu certo (embora Spider-Girl continuasse se mantendo), mas a Marvel ainda deu uma chance para uma “temporada” em 2000. No entanto, dessa vez, as séries seriam minisséries em 3 partes e não simultâneas – e ainda teriam “Spider-Girl Presents” na capa, para ver se atraíam o público de Mayday Parker. A primeira dessas minisséries foi Buzz. O personagem foi inttoduzido propositalmente na revista Spider-Girl (1998 ) # 18 (março/2000) e, alguns meses mais tarde, teve sua origem contada na minissérie homônima, produzida pela equipe criativa-símbolo do MC2: Tom DeFalco e Ron Frenz.

E a semelhança do herói com Yellowjacket não é coincidência – mas não, não se trata de um filho de Hank Pym e Wasp (seus dois filhos se tornaram vilões na série A-Next, liderando os Revengers). Trata-se do neto de… Jonah Jameson! Sim, o garoto chamado Jack Jameson (ou “JJ”) é filho de John Jameson (também conhecido como Man-Wolf/Stargod). E o supertraje era um experimento comandado por sua avó, Marla Jameson, reutilizando conceitos do traje de Yellowjacket e incluindo outras características de insetos – o projeto era chamado de Human Fly. A armadura seria usada por um piloto de teste, chamado Buzz Bannon, que, no entanto, acabou morrendo ao tentar proteger JJ, que agora assumiu o traje e adotou o nome de Buzz (“zumbido”). O grande problema é que Jonah Jameson começou a perseguir Buzz em seus editoriais de jornal, não sabendo que o herói era seu neto! Sim, é uma virada interessante e o personagem continuou a aparecer nas histórias de Spider-Girl, também tendo fundado uma versão dos New Warriors no universo MC2.

008 –  Darkdevil (2000) (3 edições – novembro/2000-janeiro/2001)

Na segunda minissérie de 2000 Tom DeFalco e Ron Frenz apresentaram a origem de Darkdevil. O personagem havia aparecido lá atrás em Spider-Girl (1998 ) # 2 (novembro/1998 ) e se tornou um grande mistério recorrente da série. Quem ou o quê era Darkdevil? Ele parecia ser um herdeiro de Daredevil, mas tinha poderes sobrenaturais e sabia tudo sobre os Parker! Tudo isso foi explicado na minissérie, que mostrou que o personagem era uma grande mistura de conceitos e cronologia – mas funcionou, se tornando um personagem cativante!

Darkdevil não tinha nada a ver com Daredevil, pelo menos não diretamente. Trata-se de Reilly Tyne, o filho do clone Ben Reilly! Tyne herdou os poderes de seu pai, mas também o potencial de autodegeneração física dos clones, o que fez com que começassem a degenerar ainda jovem. Foi então que entrou em cena Kaine (o outro clone famoso de Spider-Man), que salvou o garoto, submetendo-o a um tratamento tanto científico (suspendendo sua degeneração) quanto místico (fundindo a memória e a alma de Daredevil ao garoto – Kaine queria reviver Daredevil de alguma forma, pois ele salvou sua vida). O garoto se recuperou, mas Kaine também convocou o demônio Zarathos (o mesmo que deu poderes a Ghost Rider (Johnny Blaze)) que tentou possuir o jovem Reilly, mas foi repelido pela alma de Daredevil/Matt Murdock. Zarathos fugiu, mas uma parte de sua essência permaneceu no corpo de Reilly, conferindo-lhe aparência de demônio (que ele pode esconder) e poderes de manipulação de hellfire (“fogo infernal”). Assim, Reilly passou a atuar como um herói/anti-herói no universo MC2, atuando ora como aliado, ora como adversário de Spider-Girl e outros heróis. Sua agenda é sempre obscura, embora siga orientações de seu “mentor”, Kaine. Darkdevil é um dos personagens que mais “colou” no universo MC2, mas não teve nova série ou minissérie, aparecendo em várias outras séries e eventos.

Fontes:

Revistas referidas

[Listas] Séries da linha MC2 – 001

A linha MC2 foi mais uma pré-tentativa de “rebootar” o Universo Marvel. A propósito, seu mentor, Tom DeFalco, esteve envolvido nos primeiros esboços do que seria o universo Ultimate (que também não rebootou, mas foi a iniciativa de maior êxito nesse sentido). Porém, a linha MC2 seria uma mudança de perspectiva cronológica: apesar de ser anunciada como um “futuro alternativo”, a linha mostra um “presente alternativo” que é o “futuro” dos personagens Marvel caso a cronologia continuasse posicionada no passado. Complicado? A cronologia da Marvel vai sendo sempre “ajustada” de acordo com o nosso presente – assim os personagens não envelhecem muito, embora a cronologia continue valendo. O universo MC2 seria uma realidade em que esse “ajuste” cronológico parou de acontecer em certo momento e os personagens envelheceram, com seus filhos e outros tipos de legado assumindo destaque no que seria o nosso “presente”. Daí veio o nome: MC2 = Marvel Comics 2. DeFalco seria o grande comandante e roteirista desse novo universo, que passou a ser conhecido também como Realidade-982. E a origem seria em uma experiência na segunda série de What If, em 1998. DeFalco renovou os personagens, mas não o estilo da história, que continuaram “old school” (o estilo da Era de Bronze), o que atazanou um pouco os planos do editor-chefe Joe Quesada nos anos 2000, pois a linha MC2 se “recusava a morrer”. Apesar de nunca ter sido um sucesso estrondoso de vendas, a linha MC2 resistiu porque o público fiel pedia – e esse público eram os leitores mais antigos, além de uma parcela de leitores mais jovens (em idade). O final “oficial” da linha se deu em 2010, mas depois disso os personagens já reapareceram em várias outras séries e eventos.

001 – WHAT IF (1989) #105 (fevereiro/1998 )

Esta foi a edição “#00” de toda a linha MC2. Aqui se desenvolveu o conceito inicial dessa realidade, com a primeira aventura de “Mayday” Parker como a Spider-Girl. Essa série What If (1989) foi a segunda e meia longeva série da franquia What If, que se especializou em contar histórias alternativas da cronologia Marvel, mostrando o que aconteceria se determinado desfecho ou detalhe tivesse acontecido diferentemente. No caso da série dos anos 1990, estávamos em uma derivação dessa premissa básica: a partir de certo momento (edição #87), os editores abandonaram a tese da cronologia mudada por um detalhe, e abraçaram outra ideia, mais livre: as equipes criativas das histórias podiam criar qualquer coisa a partir de elementos soltos da cronologia – assim surgiram ideias mais absurdas, mas interessantes. A série durou até a edição #114 (novembro/1998 ), mas a edição mais marcante foi, sem dúvida, a #105 – que daria origem a toda uma linha própria! Aliás, esse propósito sempre existiu na linha What If: servir de incubadora de novas ideias.

A premissa básica desenvolvida por Tom DeFalco (roteirista) e Ron Frenz (desenhista) (que seriam a grande dupla criativa do MC2) partiu da polêmica filha de Peter Parker e MJ Watson. A bebê May foi dada como desaparecida e, depois, oficialmente natimorta. Os fãs, porém, queriam a continuação dessa história com May viva. E foi esse elemento que germinou a Spider-Girl já adolescente, sendo retratada nessa história, em que vemos Spider-Man aposentado depois de ter perdido uma parte da perna no confronto definitivo com o Green Goblin. A aventura dessa história é o “batismo de fogo” de Spider-Girl, que agora poderia desenvolver sua própria carreira de combatente do crime, honrando o legado do pai. A resposta dos leitores foi avassaladora: todos queriam mais Mayday Parker (“Mayday” era o apelido de escola da garota). E o desejo foi concretizado…

002 – SPIDER-GIRL (1998) (100 edições + edição #0 + 1 anual – outubro/1998-setembro/2006)

A resposta para os leitores se deu alguns meses mais tarde, em outubro/1998, com o lançamento oficial da linha MC2. Além de Spider-Girl, também ganharam séries regulares A-Next e J2, personagens inéditos, mas no mesmo universo de Mayday Parker. A equipe criativa de Spider-Girl teria uma mudança: agora o desenhista Pat Olliffe seria o desenhista acompanhando Tom DeFalco na série (Ron Frenz foi desenhar A-Next). Olliffe já vinha de uma bem-sucedida fase na série Untold Tales of Spider-Man (1995) (que contava histórias inseridas no passado da cronologia de Spider-Man) e agora emprestava seu estilo para o MC2, tendo permanecido na série até a edição #58, quando foi substituído pelo incansável Ron Frenz.  Na longa série, as aventuras da adolescente aracnídea foram acompanhadas pelos leitores, com a introdução de todo um elenco de apoio, além de uma nova galeria de vilões (sem se esquecer de alguns dos vilões antigos, inimigos de seu pai). E, obviamente, Mayday Parker não herdou apenas os poderes de seu pai (um pouco diferentes, como a capacidade de repelir objetos), mas também a má sorte… Mesmo assim, com grandes poderes vêm grandes responsabilidades!

Essa primeira série de Spider-Girl talvez seja a mais resiliente de toda a história da editora e, quiçá, dos comics! A série foi inicialmente a mais exitosa da linha MC2 e a única a passar de 12 edições e “sobreviver” em uma segunda onda de lançamentos de séries regulares (que durou menos ainda: 5 edições cada!) – e mesmo assim, foi adiante, à medida que minisséries dos outros personagens iam saindo. Houve inicialmente uma ameaça de cancelamento na edição #32, mas os fãs fizeram uma campanha gigantesca, usando inclusive a internet para fazer barulho. Spider-Girl foi persistindo de ameaça de cancelamento a ameaça de cancelamento até chegar à #100 – que deveria ser a última edição definitiva, com a morte da personagem, em um tie-in com a minissérie Last Planet Standing, que deveria destruir a realidade MC2. “Deveria”, mas não foi – porque os fãs colocaram a boca no trombone, como sempre. Dessa vez, porém, a vitória não foi tão arrasadora: a série foi realmente cancelada na edição #100, mas a personagem seria relançada em outra série.

003 – A-NEXT (1998) (12 edições – outubro/1998-setembro/1999)

A-Next apresentou os Avengers do MC2 – eram os descendentes ou assemelhados de alguma forma de heróis do passado, resolvendo retomar a tradição dos Avengers após a equipe original ter se perdido em outra realidade. Os novos Avengers são mais uma vez reunidos para enfrentar Loki (como os Avengers originais) e, embora fossem liderados or Speedball e Jubilee adultos, estes não permaneceram na equipe/ Inicialmente, a equipe foi composta por Stinger (Cassie Lang, filha do segundo Ant-Man), J2 (Zane Yama, filho de Juggernaut), Thunderstrike (Kevin Masterson, filho do Thunderstrike original) e Mainframe (uma inteligência artificial que atua através de uma armadura de Iron Man). Logo vários outros membros foram se somando, inclusive American Dream (Shannon Carter, sobrinha de Sharon Carter) e outras variações de heróis do passado. Até mesmo Spider-Girl se tornou membro da equipe, mas na condição de reserva.

A-Next talvez fosse a série mais “azeitada” da fornada inicial da linha MC2, pois as coisas aconteciam com mais ritmo do que em Spider-Girl, apresentando muito mais personagens e recantos da nova realidade. Isso, porém, não foi suficiente para manter a série sendo publicada, com o cancelamento acontecendo na edição #12. A-Next continuaria aparecendo na série de Spider-Girl esporadicamente, até ser a base dos eventos Last Hero Standing e Last Planet Standing e ter uma nova minissérie chamada Avengers Next.

004 – J2 (1998) (12 edições – outubro/1998-setembro/1999)

J2 foi uma grande aposta de Tom DeFalco, esperando que emplacasse com um público mais all-ages. Portanto, as histórias de J2 eram mais leves e até diferentes: havia 2 aventuras curtas por edição. A equipe criativa tinha DeFalco e mais o desenhista Ron Lim, que já era um faz-tudo da Marvel na época. E, nesse clima de censura livre, as histórias giravam em torno de Zane Yama, o filho de Juggernaut com uma advogada (Sachi Yama). Zane não conheceu seu pai (que estava exilado em outra dimensão – não, não a mesma dos Avengers) e viva sendo vítima de bullying na escola por ser franzino (sim, a situação do bullying na escola que podíamos ver em Spider-Girl, mas Mayday estava longe de ser tímida) – até que descobriu que podia se transformar em uma versão adolescente de Juggernaut, com superforça e resistência, além de ter herdado um “capacete místico antiataques psíquicos” semelhante ao de eu pai. O problema é que J2 revertia para o estado normal de Zane Yama depois de algum tempo.

A série tinha pretensão de ser cômica, o que nem sempre conseguiu. Como se pôde ver na explicação anterior, havia muitos elementos em comum com as outras duas séries, além de que J2 também aparecia regularmente em A-Next. Dessa forma, parecia óbvio que a série não se sustentaria por muito tempo (diferentemente de A-Next, que até prometia mais). As páginas de J2 mostraram alguns outros personagens do universo MC2, entre eles, o mais importante, foi Wild Thing – a filha de Wolverine e Elektra (?!), que viria a ter série própria. Aliás, nessa série de Wild Thing (que também tinha o esquema de duas histórias por edição), J2 assumiu a segunda história, nas edições #2-5 (novembro/1999-fevereiro/2000), com a mesma equipe criativa.  J2 nunca mais teve série solo, tendo aparecido geralmente junto com A-Next a partir de então.

Fontes:

Revistas referidas

 

EARTH X (1999) – Cuidado com o que se pede… – parte 2

Como falamos na primeira parte deste post, Earth X foi um projeto que saiu em um ensaio na revista Wizard (inspirado pela minissérie Kingdom Come, da DC), foi “adotado” pelos fãs e cobrado por estes para a que a Marvel produzisse… mas, o projeto começou a sair do controle…

Basicamente, a premissa do projeto é como os heróis da Marvel reagiriam se todos os humanos tivessem superpoderes no futuro. Ok, até aí, nada demais, considerando que os mutantes estavam surgindo cada vez mais (em progressão geométrica e/ou exponencial até) na população do Universo Marvel. E isso era proposto como o “futuro oficial” da Marvel, 10 anos além do “presente”.

Só que a razão para esse crescimento da população superpoderosa não era devido a mutação, mas à Terrigen Mist… Black Bolt (soberano dos Inhumans) resolveu transformar toda a população da Terra em Inhumans (considerando que o gene reagente à Terrigen Mist estava dormente em todos os humanos) e liberou a substância transformadora na atmosfera. O objetivo era evitar que os Inhumans continuassem sendo perseguidos. Perceberam a semelhança? Jonathan Hickman usou premissa semelhante em Infinity (2013), mas em uma estratégia conjunta com a editoria da Marvel, já promovendo os Inhumans (com a diferença de que apenas uma parte da população humana teria tal gene).

De qualquer forma, Black Bolt abandonou a Terra com a família real e as transformações foram acontecendo, com Reed Richards (Mister Fantastic) levando a culpa. Richards estava à frente de um projeto com vibranium para resolver o problema energético da Terra, houve uma falha, e se entendeu erroneamente que as transformações eram decorrentes disso.

Ah sim, antes de liberar a substância na atmosfera, Black Bolt cegou os olhos do Watcher, para que ele não visse o fato. E Watcher convocou X-51 (Machine Man) para se tornar seu “substituto” e continuar a registrar a história da Terra.

Já afetado pelo acidente no experimento, Reed Richards também perderia a esposa e o cunhado (Invisible Woman e Human Torch) em um confronto definitivo com Doctor Doom e Namor. O que o tornou ainda mais rancoroso, agora autoexilado no castelo de Doom na Latveria.

Nesse ínterim, Captain America finalmente matou Red Skull, o que fez com que se retirasse dos Avengers e se tornasse um herói amargurado. Mas um novo Inhuman, o garoto Benny Beckley (filho do herói Comet Man), desenvolveria o poder de controlar a mente de multidões, se tornando o novo Skull.

O vilão Absorbing Man absorveu Ultron e se tornou imbatível, matando quase todos os Avengers, até ser desativado pelo Vision. Partes de seu corpo foram espalhadas pela Terra para evitar que se reformasse.

Norman Osborn (Green Goblin) finalmente se tornaria um duende de verdade, mas assumiria a presidência dos EUA, provavelmente com o auxílio de uma criação sua: o organismo Hydra (também reaproveitado por Hickman, em Secret Warriors), que também controlava pessoas. Para manter a Hydra em cheque, comissionou Tony Stark (um dos últimos humanos não modificados pela Terrigen Mist) a construir versões robóticas dos Avengers para enfrentar o inimigo.

No lado dos X-Men, Scott Summers (Cyclops) era o novo “professor”, chamando-se Professor S. Wolverine se casou com Jean Grey e abandonaram a vida heroica, assim como Spider-Man. Luke Cage se tornou policial. Thor estava aprisionado no corpo de uma mulher, e por aí vai.

Também temos a revelação de que os Celestials (uma antiga espécie intergaláctica que realiza experimentações com seres vivos e retorna de tempos em tempos para “julgar” a evolução das espécies) usam os planetas, na verdade, para gestarem seus “ovos celestiais”, como chocadeiras. E Galactus se alimenta desses ovos (!?) – e Hickman também tentou reaproveitar isso em Fantastic Four, o que não deu muito certo.

A história começa a se desenvolver quando Captain America (chamado só de Cap agora) resolve juntar heróis para enfrentar o Skull – que ele acaba matando também. Black Bolt retorna à Terra e quer encontrar sua cidade perdida (Atillan) – contata Reed Richards para essa busca e Richards descobre que o verdadeiro culpado das alterações na população humana era Black Bolt.

Finalmente (para Earth X), os Celestials retornam ao planeta Terra para a germinação do ovo (o que destruiria o planeta). Galactus chega para consumir o ovo antes disso – e revela-se que Galactus é, agora, Franklin Richards (filho de Mister Fantastic e Invisible Woman) – Hickman também quis usar isso, sem sucesso.

Como se pode ver, já temos uma verdadeira salada de coisas acontecendo, deixando consequências, que foram exploradas nas sequências (Universe X e Paradise X), aí já extrapolando para outras realidades e além-vida.

As modificações na essência dos Celestials e de Galactus eram apenas um sinal do que viria depois, como o estabelecimento da sequência evolutiva dos seres: humanos – mutantes – deuses – skrulls (hein???). Também tivemos a revelação de que Nightcrawler e o demônio Belasco eram a mesma pessoa; a revelação de que Wolverine não era mutante, mas o descendente de uma linhagem “pura” da humanidade, não manipulada pelos Celestials, representada pelo Moonboy (o garoto pré-histórico que era amigo do Devil Dinosaur… em OUTRA realidade); a revelação de que Star-Lord pertencia ao Universo Marvel principal (isso vale até hoje); e várias outras versões conflitantes e esdrúxulas.

Percebendo o caminho que a coisa estava tomando, e coincidindo com a queda nas vendas, a Marvel decretou que Earth X era um futuro alternativo (ou um presente alternativo, já que Universe X acontecia em 2003, segundo a história) – Realidade-9997 – e interrompeu o projeto. A ruptura foi tal que essa realidade nunca mais foi nem citada. Krueger também relata que a estrutura da terceira parte, Paradise X, também foi enxugada (encurtada), alterando-se o seu final.

O problema da X Trilogy não parece ter sido exatamente o clima sombrio – a Marvel investiu em outros futuros tão ou mais sombrios que este depois, como Here Comes Tomorrow, Old Man Logan, Age of Ultron e Planet X, além de sempre revisitar Days of Future Past. Mas parece que justamente o problema foi mexer na estrutura do Universo Marvel e se prolongar demais. A quarta parte da saga, History X, pretendia “explicar” muitos desses mistérios… e foi rejeitada pela Marvel. Mesmo com a Marvel resgatando algumas dessas ideias hoje (coisa que é comum com What Ifs [histórias alternativas], cujas ideias são reaproveitadas na cronologia principal em outros momentos), a forma como isso vem sendo feito tem sido, digamos, mais “responsável” ou “comedida” do que a X Trilogy.

E, mesmo havendo essa reciclagem de ideias da X Trilogy, no frigir dos ovos, não houve legado dessa experiência. A história é boa? Há alguns pontos interessantes, mas em geral é arrastada, trágica e soturna demais… e o fã da Marvel costuma ser bem mais jovial que isso. Um belo exemplo de “o povo pediu e depois se arrependeu”… ou não?

Fontes

Revistas referidas

Official Handbook of the Marvel Universe

Wikipedia

EARTH X (1999) – Cuidado com o que se pede… – parte 1

Earth X foi um projeto de Alex Ross que até teve continuações, tornando-se a “X Trilogy” – o plano inicial era mudar a essência do Universo Marvel, não metaforicamente, mas realmente de fato – só que, como disse Garrincha certeza vez, “faltou combinar com os russos” (no caso, a própria Marvel).

Para começo de conversa, a ideia de Earth X surgiu de forma diferente, em 1997. A ideia foi encomendada pela revista Wizard, a revista mensal sobre o mercado de quadrinhos que era líder do segmento na época. A motivação foi simplória, apostando no velho “cross’ entre Marvel e DC.  A DC lançou a minissérie Kingdom Come, em 1996, que fez enorme barulho entre os fãs.

Kingdom Come foi produzido pelo roteirista Mark Waid (então no auge de sua carreira na DC) e pelo artista Alex Ross (que havia se tornado um mega-astro depois do sucesso estrondoso de sua parceria com Kurt Busiek em Marvels (1994)). O conceito básico de Kingdom Come era um futuro alternativo (ou “oficial”, segundo alguns) em que a população de super-heróis havia crescido bastante, com os filhos dos heróis tradicionais se tornando vigilantes amorais. O conflito de gerações ameaçava levar os heróis a uma “guerra civil”, e Batman liderou alguns heróis para evitar esse conflito e ainda enfrentar mais uma investida de Lex Luthor para derrotar todos. Apesar de ser um material com um clima mais sombrio que o futuro “oficial” da DC até então (o futuro de Legion of Super-Heroes), Waid ainda manteve seu tradicional bom humor com algumas tiradas e situações, sem quebrar a seriedade do tema.

Ross já era famoso por sua arte pintada e realista, mas agora também se revelava um designer criativo, reinventando os heróis em suas versões “futuristas” e criando do zero os novos “heróis” misturando detalhes de seus pais (embora com uma certa repetição temática, que se exacerbaria em Earth X). Essas versões dos personagens tiveram tanto impacto que se tornaram favoritas entre os fãs e até mesmo entre roteiristas e desenhistas. Geoff Johns, um dos roteiristas mais importantes da DC nos últimos 20 anos, várias vezes recorreu a essas versões para “evoluir” os personagens DC do presente ou até introduzir esses novos personagens no presente – deixando sempre a impressão de que “o futuro de Kingdom Come podia ser o verdadeiro mesmo”!

Toda essa repercussão mexeu com a redação da Wizard, que propôs a Alex Ross desenvolver personagens para uma versão Marvel de Kingdom Come. Ross topou e criou vários personagens (versões “futuristas” dos heróis Marvel ou seus filhos), apresentados na revista como esboços, com o projeto sendo chamado Earth X. Essa edição da revista foi um sucesso estrondoso, esgotando em poucos dias. Consequentemente, os fãs começaram a pressionar a Marvel para que o processo saísse dos esboços e fosse publicado – e isso aconteceu a partir de março de 1999, depois que a Marvel acertou uma republicação conjunta da matéria em parceria com a Wizard, e essa também esgotou rapidamente!

Earth X foi uma minissérie em 12 edições (março/1999-junho/2000), mais duas edições especiais (0 e X). Ross, no entanto, não era o desenhista – era apenas o “criador conceitual” e capista – aliás, suas capas reunidas formavam um grande pôster-mosaico.

A equipe criativa de fato era o amigão (e parceiro habitual) de Ross, Jim Krueger e o desenhista estilizado John Paul Leon. Essa equipe não podia dar outro resultado: uma história sombria e pessimista. Mesmo com a arte de Alex Ross sendo geralmente “pra cima”, as histórias de Krueger geralmente descambam para tragédia atrás de tragédia, com uma visão pessimista dos personagens (talvez a única exceção seja a minissérie Justice, pela DC, também com Ross). Já Leon, apesar do traço estilizado, usa e abusa do preto e de arte chapada (com uma cor só) – o que também confere às suas histórias um clima pesado e sombrio.

Bom, não era isso que os fãs queriam? Kingdom Come era “sombria”, mas não tanto… em Earth X o pessimismo e a tragédia vieram com força. E não é só isso, Krueger queria revisar e retconear uma série de elementos do Universo Marvel – a ideia não era apenas “judiar” dos personagens, mas também usar todo o trauma para mostrar ao leitor que o Universo Marvel não era exatamente aquilo que ele conhecia. E sim, a história seria o “futuro oficial” da editora – portanto, essas mudanças seriam “oficiais”. E é isso que não havia sido combinado com a editora…

De qualquer forma, essas alterações acabaram sendo ampliadas nas sequências de Earth X – Universe X (2000) e Paradise X (2001) – e confundem a cabeça dos fãs até hoje, apesar de a Marvel já ter decretado que a X Trilogy é oficialmente uma realidade alternativa (Realidade-9997). Até mesmo o aclamado roteirista Jonathan Hickman testou a reincorporação de algumas dessas mudanças na série Secret Warriors e em sua fase em Fantastic Four, em sua fase em Avengers e nas suas megassagas Infinity (2013) e Secret Wars (2015) – e mesmo assim não emplacou muito. Ou melhor, uma coisa emplacou – a expansão dos Inhumans (vamos falar disso na segunda parte do post).

Krueger e Ross chegaram a apresentar uma quarta série para a trilogia (que seria uma quadrilogia, portanto) – era History X, que pretendia aprofundar essa “história oculta”. A proposta foi recusada pela Marvel, muito provavelmente porque a aventura já estava saindo do controle, além da queda nas vendas.

Mesmo com todo esse aspecto sombrio e a “cronologia estranha”, Earth X foi um grande sucesso na época, o que motivou suas continuações, que logo foram perdendo o “frescor” (mesmo com a saída de Leon, substituído por Dale Eaglesham, que reduziu o aspecto sombrio da carga visual). Tanto é que, quando a Marvel recusou a sequência History X, não houve reclamação dos fãs – seja por arrependimento, ou por cansaço… ou simplesmente por mudança de foco (o Ultiverse estava bombando na época).

Também, diferentemente do efeito “Kingdom Come”, não houve “legado” da X Trilogy no Universo Marvel principal. As transformações visuais de Ross não emplacaram como aconteceu na DC – já era um sinal de que, talvez, a X Trilogy não deveria ter sido tão longa ou deveria ser mais simples e econômica.

Vamos ver os principais pontos de Earth X e suas consequências propostas na cronologia na segunda parte deste post.

Fontes:

Revistas referidas

Official Handbook of the Marvel Universe

Wikipedia

DP7: Paranormais realmente deslocados! – parte 3

Como vimos na segunda parte do post, Gruenwald achava que o New Universe seria apenas um experimento e se encerraria lá pela edição 12 (algumas séries já haviam sido canceladas, como Kickers Inc. e Marc Hazzard – Merc). Portanto, não havia plot planejado para além da edição 13. Isso teria reflexos patentes pelo restante da série, e teria de ser resolvido logo.

Gruenwald tinha condição de tirar isso de letra, pois era um roteirista experiente (embora tenha mantido a distância de apenas uma edição para desenvolvimento do plot – ou seja, ele escrevia o plot da continuação da história apenas depois que terminava a edição anterior), mas cabe aqui ressaltar que, mesmo parecendo ser uma produção moderna, havia ali uma série de “vícios”, principalmente aqueles que agradavam a Jim Shooter – que eram de sempre incluir dilemas pessoais nas histórias dos personagens, para conferir “profundidade” às caracterizações.

Gruenwald extrapolou nisso em toda a série, não só nessas edições iniciais “planejadas”, de forma que a leitura se torna chata e incômoda quando se martela sempre as mesmas coisas – como, por exemplo, o amor não correspondido entre Friction e Antibody (inclusive com uma leve discussão racista), a saudade dos filhos e do marido que aflige Glitter, o amor platônico e adolescente de Mastodon por Glitter e daí por diante.

A falta de planejamento também se refletiu na constante mudança de plots da série, que foi se tornando cada vez mais uma história de super-heróis. Passamos para uma fase em que os DP7 administram a clínica (e, inclusive, lidando com a formação de gangues que provocam conflitos), depois se envolvem com o evento The Pitt, a clínica é desativada, os membros do sexo masculino são alistados no Exército para uma eventual guerra contra a URSS (evento The Draft) e as mulheres se tornam agentes da CIA (?!?) e, finalmente, Twilight morre, Mastodon e Antibody desertam, Glitter se separa do marido e todos tentam nova vida em Nova York, onde encontram um curandeiro que “cura” alguns deles.

Novos personagens foram incluídos, como Mutator e Sponge, um membro veio da equipe Psi-Force, e até Jenny Swensen (que pilotava a armadura tecnológica Spitfire, com título próximo, já cancelado) se juntou ao grupo e sofreu mutação, tornando-se uma mulher com pele metálica e superforça, com codinome Chrome. E Chrome até começou a atuar como super-heroína com um tal Captain Manhattan.

E isso também foi outro problema complicador: Gruenwald acrescentou uma grande quantidade de novos personagens, que tornou toda a série difícil de gerenciar. Com isso, pode-se ver que se perdeu totalmente a espinha dorsal da série. DeFalco até propôs uma “repactuação” do New Universe quando assumiu como editor-chefe, mas Gruenwald praticamente ignorou.

Mesmo com tantos problemas, Gruenwald abordou temas ousados para a época, como eutanásia, abuso de menores, militarismo, AIDS (que estava no auge da paranoia), apesar do rame-rame psicológico exagerado dos dilemas pessoais dos personagens. E isso contrastava com algumas abordagens mais infantis e ingênuas de alguns personagens ou situações, que era denunciada pelos diálogos ou pelos próprios pensamentos de dilema de cada personagem.

Gruenwald e Ryan (ambos falecidos atualmente) adoravam seus personagens, mas nem isso salvou DP7 do cancelamento – e até, inclusive, na edição final, fala-se que a despedida é apenas da “versão mensal” da revista. De fato, Paul Ryan disse mais recentemente que havia planos de uma minissérie e uma graphic novel de DP7, a serem produzidas pela dupla. Infelizmente, Gruenwald faleceu antes de concluir o plot desse material.

Houve um revival de DP7 em um one-shot em 2006, mas, apesar de Ryan ainda estar vivo, a produção ficou com C.B. Cebulski e M.D. Bright, com um resultado morno.

DP7 não chegou a ser “rebootado” na série Newuniversal, de Warren Ellis, mas poderia ter alguns personagens “importados” para o Universo Marvel atual, assim como já aconteceu com Starbrand, Nightmask e Spitfire (que se suspeita ser Pod, dos New Avengers).

Fontes:

Revistas referidas

HOWE, Sean – The Untold Story of Marvel Comics

SANDERSON, Peter – Marvel Chronicle

Wikipedia

DP7: Paranormais realmente deslocados! – parte 2

Como dissemos na primeira parte do post, DP7 (1986) foi a única série do New Universe que não mudou de equipe criativa: Mark Gruenwald (roteiro) e Paul Ryan (arte). Apenas o anual da série foi desenhado por outro artista, Lee Weeks. Foram 32 edições entre novembro/1986 e junho/1989. Foi um dos grandes sucessos da linha, mas isso não quer dizer que tudo estivesse perfeito.

De fato, embora exibisse novidade e modernidade na época de seu lançamento, DP7 foi progressivamente se tornando mais e mais uma versão mais “light” do Universo Marvel. Não que os personagens do Universo Marvel aparecessem por lá, mas na temática, no estilo de histórias e na caracterização de personagens. Não bastasse isso, perdeu-se o rumo do plot – não se sabia para onde se estava indo.

Mark Gruenwald estava entusiasmado com o projeto do New Universe – curiosamente, foi uma surpresa, pois Gruenwald era o maior especialista na cronologia do Universo Marvel e estava totalmente embrenhado na organização do mesmo. Provavelmente o desafio de criar personagens e universo do nada era mais atraente. Esse interesse foi tamanho que Gruenwald fez um estudo de 14 grupos de heróis diferentes, e resolveu criar algo diferente esses grupos já existentes.

A ideia surgiu no final da minissérie Squadron Supreme (1985), sua obra-prima nos comics. As últimas 4 edições da minissérie (e a graphic novel posterior) foram desenhados por Paul Ryan, que recebeu convite de Gruenwald para acompanhá-lo no New Universe. Com seu traço clássico e ao mesmo tempo moderno, Ryan seria uma escolha apropriadíssima para um universo “mais real” – e não tinha nada engatilhado no momento.

Gruenwald queria que a revista se chamasse Missing Persons (Pessoas Desaparecidas) – desde o início ele queria mostrar um grupo de paranormais em fuga (isso também foi aproveitado por Jim Shooter na Valiant, com a série Harbinger). Inicialmente, Gruenwald criou um grupo de 6 paranormais, mas desses daí apenas dois vingaram no formato final: Blur e Twilight. Gruenwald mudou o nome da série para Missing Paranormals (Paranormais Desaparecidos), para evidenciar do que se tratava e, finalmente, aceitou a sugestão de Jack Morelli – mudou para Displaced Paranormals (Paranormais Deslocados) – e daí veio a sigla DP7, porque Gruenwald queria uma vibe meio punk, meio new wave (as tendências da época).

Muito bem, Gruenwald chegou aos 7 personagens básicos da história, todos morando no estado de Wisconsin: Blur (Jeff Walters, um supervelocista, que parecia um borrão por estar sempre se mexendo), Twilight (Lenore Fenzl, uma representante da terceira idade que emite uma luz calmante a partir de sua pele – esse poder se revela depois ser “vampiresco”, pois ela absorve a energia vital das pessoas e se rejuvenesce), Scuzz (Scuzz Cuzinsky, um adolescente rebelde e encrenqueiro que exala ácido pelos poros da pele – isso depois evoluiria para fogo em situações de estresse), Friction (Charly Beck, que consegue controlar mentalmente o atrito em suas proximidades, tornando superfícies escorregadias ou “grudentas”), Glitter (Stephanie Harrington, uma dona de casa que emite energia como faíscas a partir do corpo e cuja energia extra hiperativa as pessoas ao redor – ela também se torna superforte em um efeito rebote), Mastodon (Dave Landers, um “gigante” musculoso e superforte, cujo corpo continua desenvolvendo músculos) e Antibody (Randy o’Brien, um médico que gera “cópias negativas” autônomas de si mesmo).

Inicialmente, os sete se encontram em uma clínica de estudo e auxílio aos paranormais surgidos após o White Event (o evento cósmico que concedeu esses poderes), só que descobrem que a real intenção da clínica é transformá-los em armas vivas, para propósitos próprios ou futura “venda”). Isso cria revolta e os sete se tornam fugitivos da clínica, que envia agentes para captura-los.

Essa premissa original se manteve nas primeiras 13 edições, com os fugitivos sendo recapturados e eventualmente recondicionados mentalmente, até que Antibody e Mastodon se libertam e descobrem toda a tramoia, inclusive de que o diretor da clínica, Philip Voigt, era ele mesmo um superparanormal, capaz de replicar e amplificar os poderes de outros paranormais. Seu objetivo? Conquistar o mundo, colocando os paranormais como casta superior da humanidade.

Quem lê as edições 12 e 13 percebe que elas concluem uma fase – e é justamente esse o caso: Gruenwald não apostava que a série durasse mais que 12/13 edições e não possuía um plot de longo prazo para a série. Mesmo durante essa fase bem-sucedida, também havia críticas quanto ao “furo” cronológico – embora a premissa do New Universe indicasse uma passagem de tempo semelhante à dos leitores, Gruenwald ignorou isso e fez com que essas edições transcorressem em apenas cerca de um semestre.

De qualquer forma, isso não foi suficiente para inviabilizar a série, pois tratava-se de um “detalhe técnico” – no entanto, havia um problema mais sério a enfrentar: o que contar se Gruenwald não havia planejado nada além disso? É o que veremos na terceira parte do post.

Fontes:

Revistas referidas

HOWE, Sean – The Untold Story of Marvel Comics

SANDERSON, Peter – Marvel Chronicle

Wikipedia